lunes, 2 de enero de 2012

Casas flutuantes são solução moderna na Holanda


No doce balanço das águas, mora o futuro da habitação na Holanda, um dos países mais ameaçados pelas mudanças climáticas, que podem provocar o aumento dos níveis dos oceanos. Nos últimos 80 anos, diques gigantescos de até 30 quilômetros de extensão evitaram que o mar do norte cobrisse mais da metade do território holandês, que fica cerca de 1,5 metro abaixo do nível do mar. Mas, como ninguém pode prever até quando essa barreira vai continuar intransponível, o jeito tem sido conviver com a água.

O país é eternamente ameaçado pelas inundações. Quando não é o mar, é a chuva que costuma não dar trégua. Não é à toa que a Holanda tem uma das maiores concentrações de casas flutuantes do mundo. São 16 mil prontas e habitadas. Cerca de 1,5 mil são construídas anualmente. É a modernidade e conforto à prova de alagamento.

Esta é a solução para cidades como Amsterdam, onde falta terreno, mas sobra água. A capital da Holanda tem centenas de canais. Não é de hoje a existência de barcos residenciais. Novidade são as verdadeiras joias da arquitetura moderna: bairros inteiros agora flutuam. Um deles fica em um braço de mar e tem casa até com jardim.

As mais baratas são construídas sobre um casco de aço ou boias de alumínio. Para evitar o balanço excessivo, são ancoradas na margem ou presas a estacas. Assim, sobem e descem com a oscilação da água. Os novos modelos dispensam apoios.

Assim como um navio ou qualquer outra grande embarcação que tem parte do casco embaixo d'água, a maioria das casas flutuantes construídas na Holanda adota o mesmo princípio. O resultado é uma espécie de porão subaquático. A área fica cerca de dois a três metros abaixo do nível da água e serve para dar equilíbrio e sustentação. Evita que a casa balance. Mas também é um excelente espaço que pode ser aproveitado. Em um caso, foi feito um escritório. Ao lado, está um quarto de visitas, e tem também um banheiro.

O peso da casa evita a movimentação. É um verdadeiro caixote de concreto e aço de mais de 100 toneladas, preso apenas por uma âncora. O dono diz que não viveria em outro lugar. Na garagem, em vez de carro, ele tem um barco. No telhado, coberto por grama artificial, ele pratica seu esporte preferido, o golfe. Bem humorado, lamenta apenas que não seja possível resgatar as bolinhas.

O próprio governo entrou na onda. Um prédio, flutuando na baía de Amsterdam, é uma prisão para mais de mil presos. Um dos arquitetos que lideram esse ramo mostra projetos ainda mais impressionantes. Um porto flutuante que vai ser construído em Dubai, um prédio nos Emirados Árabes e até um estádio de futebol que poderia ficar ancorado na baía de Guanabara, por exemplo.

Para os arquitetos e engenheiros que vivem com a cabeça no mundo da água, o oceano já não é mais limite.

Fonte: Fantastico. Rede Globo