Marginal Tietê. São Paulo. BRASIL. Ver Galeria
Trânsito
No caso de uma cidade como a capital paulista, o trânsito está entre os
principais problemas a serem resolvidos. Para o urbanista australiano Paul
Downton, autor do livro “Ecopolis”, a solução final para essa questão é
reorganizar a cidade de modo que a maior parte dos deslocamentos com veículos
se torne desnecessária. Ou seja, os moradores precisam ser capazes de trabalhar
e se abastecer de bens básicos a pé.
Assim, a metrópole “funcionaria mais e mais como uma série de pequenas
cidades interligadas, dando a cada lugar a sua própria identidade, e fazendo
com que as pessoas queiram viver ali, com um sentimento de propriedade e
pertencimento”, diz Downton.
“A dependência de carros não é uma solução a longo prazo, como os
recentes 250 km de congestionamento em São Paulo deixaram bem claro. Mas o mais
importante é que o transporte público tem de ser desenhado para servir a seu
propósito de forma eficiente, confortável e atrativa, e não tratada como uma
opção de 'terceira classe' para pessoas que não podem pagar por um carro”,
afirma.
Rios e clima
Outra questão crítica são os rios poluídos. No caso de São Paulo, os
dois principais rios da cidade foram retificados, seus afluentes canalizados e
suas várzeas ocupadas por pistas expressas e edifícios. A professora de arquitetura
da Universidade Mackenzie, Pérola Brocanelli, defendeu na Universidade de São
Paulo uma tese de doutorado em que sugere que essas várzeas sejam amplamente
revegetadas.
Essas áreas são naturalmente inundáveis, e por isso deveriam voltar a
ter superfícies úmidas expostas. Idealmente, os córregos que chegam aos grandes
rios também deveriam ser reabertos. “Deveria haver uma diretriz para que as
águas ressurgissem”, defende.
Além de reduzir o problema das enchentes, isso iria melhorar o clima na
cidade, reduzindo o efeito de “ilha de calor” – o aumento localizado de
temperatura proporcionado pelo excesso de construções.
“A umidade ajuda a diminuir doenças respiratórias e até o estresse”,
explica a arquiteta.
Ter rios despoluídos e com as margens recuperadas ainda proporcionaria
áreas de lazer para a população – como, aliás, os Rios Pinheiros e Tietê já
foram no passado.
Verticalização
Com o número de prédios crescendo rapidamente na cidade, os moradores
podem se perguntar se não seria mais interessante que as pessoas se espalhassem
nos arredores, num modelo como o dos subúrbios dos Estados Unidos, onde teriam
mais espaço para viver em casas.
“Subúrbios extensos geralmente consomem terra e recursos sem retornar
nenhum benefício ambiental. O custo de prover e manter sistemas de transporte
para as áreas suburbanas é astronômico”, explica Downton.
Por isso, a verticalização e adensamento das zonas urbanas podem ser
uma saída mais sustentável, mas não pode ser feita de qualquer jeito. O
especialista australiano defende que os blocos de apartamentos precisam ser
desenhados de forma a fomentar a vida comunitária. “Cada bloco precisa ter uma
‘praça de vila no céu’ e elas devem ser seguras e atraentes para crianças e
famílias”, aponta.