Quanto mais informações sobre o clima e os fenômenos da natureza, mais precisas serão as previsões do tempo. Na primeira reportagem de uma série especial, Flávia Freire viajou para os Estados Unidos e mostra a estrutura do maior centro meteorológico americano.
Agricultura, transporte, construção civil, turismo. A previsão do tempo hoje é uma peça fundamental no planejamento de quase todas as atividades humanas. É por isso que países como os Estados Unidos investem bilhões de dólares por ano em meteorologia. É lá que se faz a mais completa previsão de tempo do mundo.
O departamento que cuida dessa área em todo o território americano é conhecido como National Oceanic and Atmosferic Administration (NOAA). São 122 centros de previsão espalhados pelo país, como o da cidade de Camp Springs, em Maryland.
O diretor, Jim Hoke, conta que 3,5 mil funcionários se dedicam à previsão em todo o país. Ele explica por que ela é cada vez mais importante.
“A sociedade está ficando mais suscetível aos perigos da natureza, e uma boa previsão do tempo se tornou crucial para proteger as vidas, as propriedades das pessoas”, diz.
Toda previsão do tempo nasce de um conjunto de informações. Quanto mais dados, mais precisa ela é.
Satélites observam do alto alterações nos ventos, formação de furacões ou de frentes frias. Balões que levam sondas, radares que detectam chuva e estações meteorológicas em terra medem mínimas mudanças na temperatura do ar, na pressão e nos níveis de umidade. Aparelhos instalados em boias também captam essas informações nos oceanos. Até os instrumentos que orientam navios e nos aviões de carreira enviam informações. Tudo isso é processado em um supercomputador capaz de fazer trilhões de contas matemáticas por segundo. Os números se transformam em mapas do que está acontecendo na atmosfera.
A cena se repete 160 vezes por dia nos céus americanos. É a preparação de balões com as sondas que vão recolher as informações.
Um dos 150 radares que estão espalhados pelos Estados Unidos capta as informações atmosféricas em um raio de 180 quilômetros.
No Brasil, a estrutura é menor. São, em média, 60 sondagens diárias; 23 radares, perto de 500 estações meteorológicas.
A colaboração dos Estados Unidos tem sido fundamental para o Brasil nessa área. Dos cinco satélites americanos em operação, um fica sobre o Equador e é voltado para o Brasil.
Do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo, sai uma das mais completas previsões do país.
“Nós temos bons modelos matemáticos, temos recursos computacionais do mais alto nível, e pessoal altamente qualificado”, diz Osvaldo Moraes, coordenador geral do CPTEC.
A troca de informações é um hábito entre os principais centros de meteorologia do mundo. No NOAA está Franco Villela, um brasileiro, funcionário do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
“Cada quatro meses que a gente passa aqui, a gente vai aprendendo o que há de mais novo nas técnicas de previsão do tempo e análise”, comenta.
“A meteorologia é a porta de entrada para todo sistema de alerta de desastres naturais. Se as pessoas acreditarem que vai chover muito nas próximas 24 horas, elas vão acreditar mais nos avisos, nos alertas dados pela Defesa Civil, por exemplo”, conclui Osvaldo Moraes.
Fonte: Jornal Nacional